A conexão com o todo é a minha busca mais intensa. Se sentir parte, se rodear de pessoas que se importam com o mundo mais do que com o instagram, que vivem de forma genuína e autêntica.
Essa é a maneira que eu escolhi viver e tem sido cada vez mais difícil estar em lugares superficiais, onde fotos importam mais que vivências.
Trabalho minha raiva porque é o sentimento que vem a tona em momentos onde não me sinto bem. Raramente a tristeza ou a frustração se apoderam de mim. A raiva ainda é o sentimento que me custa mais entendimento.
Aí me pego irritada em lugares turísticos onde não sinto que deveria estar. Onde o contato com os locais é totalmente superficial, porque eles não estão acostumados com trocas genuínas que não envolvam dinheiro. Onde há mais cafés com donos gringos enriquecendo que warungs tradicionais para ajudar a economia local.
Eu não nasci pra beach club, pra fazer tour de snorkel, pra comprar pacote de barco com shuttle incluído. Não consigo me sentir normal vendo cavalos escravizados e pessoas estupidas tocando animais selvagens por uma foto. Não há mar azul que me faça ignorar um turismo predatório.
Desculpem influencers, mas eu odiei Bali.
É uma exploração turística sem tamanho.
Se você viaja para ter a foto perfeita, não vai se decepcionar. Porque realmente há lugares lindos – apesar de lotados, com fila pra fotos ou que foram manipulados para serem assim. Caso você viaje por outros propósitos, te recomendo que vá a outros lugares.
Fico triste pelos locais, que são pessoas de muita fé e devoção às suas crenças, que apesar de introspectos são muito gentis e que vivem nesse zoológico instagramável, que não sei se mais os ajuda ou atrapalha (talvez ajude sim e eu esteja sendo muito ignorante nessa fala).
Esse é um desabafo. Hoje não há texto bonito. Nada de compreensão ou de conclusão bonita. O outro lado da moeda, os males da vida “perfeita”. A desconexão de tudo aquilo que acredito. O lixo se apoderou do paraíso e a pobreza convive ao lado do teu resort.
A falta de consciência – coletiva e individual – matou minha poesia.